quinta-feira, 23 de julho de 2009

REVOLUÇÃO CUBANA 1959 - 2009


Cena do filme sobre a trajetória do líder revolucionário argentino Ernesto Guevara de la Serna, mais conhecido como Che Guevara (Benicio Del Toro), tem início no ano de 1956, quando Che e exilados cubanos, como Fidel Castro (Demián Bichir), encontram-se no México, articulando resistência militar contra o governo ditador de Fulgencio Batista, em Cuba.
Ao entrar em seu ano 51, a Revolução Cubana segue dividindo opiniões. Para uns, trata-se de uma ditadura que priva seus cidadãos do direito à livre iniciativa política e econômica. Para outros, é um exemplo de desenvolvimento social e resistência a um injusto embargo comercial.

É fato, por exemplo, que a maioria dos cubanos vive com um salário ao redor de US$ 1 por dia. Isso poderia levar a crer que eles vivem em profunda miséria, mas não é o que acontece. O governo garante meios básicos para a subsistência a todos os cidadãos por meio de produtos vendidos a preços subsidiados em lojas estatais nada atraentes para um estrangeiro: a variedade é pouca, e a qualidade dos produtos fica aquém do que estamos acostumados no Brasil.

A comida é suficiente para que ninguém passe fome, mas a qualidade e a variedade são desanimadoras. Mesmo nos restaurantes – todos estatais, com exceção de alguns pequenos estabelecimentos familiares que o governo autorizou durante a crise desencadeada pela queda do Muro de Berlim – há pouco mais que arroz, feijão, batatas, carne de frango ou porco e duas ou três variedades de vegetais.

É no mercado negro que o cubano que tem acesso a dólares - normalmente obtidos de parentes que emigraram, do trabalho com turismo ou em alguma atividade ilegal - se abastece de bens de consumo e, sabendo onde comprar, há de tudo que se possa imaginar.

Basta caminhar pela rua para ver que os cubanos se vestem com roupas que as lojas do Estado não vendem, como tênis de marcas conhecidas internacionalmente

Duas moedas

O problema é que o mercado paralelo vive de dólares ou pesos conversíveis -moeda criada pelo governo que equivale a aproximadamente US$ 1.

Isso mesmo: Cuba tem duas moedas – o peso conversível, com valor alto, usado por turistas e pelo o mercado negro, e o peso cubano, usado pelo Estado para pagar os trabalhadores, que vale muito pouco (o peso conversível vale cerca de 25 vezes o cubano).

O resultado é que todos só querem saber do peso conversível. “Aqui precisamos nos virar para conseguir dinheiro”, conta Yolanda*, uma enroladora de charutos que desvia parte do que produz para vender a turistas.

Ela vive num prédio em péssimas condições de conservação no centro de Havana e corre riscos para conseguir algum dinheiro que lhe permita comprar, por exemplo, produtos de higiene pessoal em falta nos mercados populares.

Caminhando pelos arredores da casa de Yolanda, assim como por toda a capital cubana, é possível ver que a revolução, se cumpriu a promessa de garantir moradia a todos os habitantes, não o faz de forma muito satisfatória: grande parte das residências, pela estado de deterioração em que se encontram, facilmente passariam por cortiços.

Ainda assim, ouvindo a desenvoltura com que Yolanda, uma operária de fábrica de tabaco, discorre sobre seu trabalho e a situação do país, assim como conversando com outros cubanos pelas ruas, fica claro que o regime de Fidel atingiu sua meta de dar educação básica a toda a população.

O país erradicou o analfabetismo (segundo dado da agência de inteligência americana, a CIA, 99,8% dos habitantes maiores de 15 anos sabem ler, contra 88.6% do Brasil). Todos têm educação gratuita e, ainda segundo a CIA, o cubano, em média, vai à escola dois anos a mais que o brasileiro.

O sistema educacional, aliado ao atendimento de saúde amplo e irrestrito, coloca Cuba 32 posições à frente do Brasil no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que calcula e compara o bem-estar de populações de diferentes países do mundo.

Mídia

Educação, no entanto, não é sinônimo de informação. A mídia em Cuba ainda é totalmente controlada pelo governo. A TV estatal não dá lugar a vozes dissidentes e, além das novelas brasileiras, das quais os cubanos são grande fãs, exibem horas de programação com forte carga ideológica, como debates em que todos os participantes elogiam o governo ou outras formas de propaganda, como, por exemplo, tele-aulas de música em que se aprende a execução de canções como a Internacional Comunista.

Na clássica Rádio Relógio, emissora que transmite o noticiário e a hora certa a cada minuto, predominam notas oficiais - informações sobre medidas do governo ou a agenda do presidente Raúl Castro. O "Granma", maior jornal do país e porta-voz do Partido Comunista Cubano, reproduz seus discursos na íntegra.

“Tenho acesso a duas horas de internet por mês na minha universidade”, conta Javier*, um estudante de tecnologia de comunicações. “Dizem que é por motivo de segurança, mas não vejo muito bem que segurança seria essa”, comenta, numa tímida crítica ao controle que o governo faz da informação, que acaba fazendo de Cuba, mais que nunca, uma ilha. Bloqueios a sites específicos, como o buscador Google, são constantes, conta o universitário.

Javier conseguirá se formar engenheiro mesmo com seu pai ganhando US$ 25 por mês. O jovem parece conformado com o fato de que, uma vez com o diploma na mão, terá um salário equivalente a uma pequena fração do que teria em outro país. “Vamos esperando até que me paguem o quanto realmente vale meu trabalho”, diz.

Raúl Castro, pouco a pouco, vai ocupando o lugar do irmão. Muitos estabelecimentos públicos hoje ostentam a foto do novo presidente, mas não removeram a de Fidel, eterno líder da Revolução, que também enfeita o cartaz oficial de celebração do jubileu de ouro da derrubada de Fulgencio Batista.

*os nomes são fictícios

FONTE: G1

terça-feira, 14 de julho de 2009

SUGESTÃO DE LEITURA



A Crise Global da Água e a batalha pelo controle da água potável no mundo.

A M.Books traz para o Brasil o Best-Seller ÁGUA, O PACTO AZUL, da consagrada autora Maude Barlow. O livroaborda uma crise ambiental que — em conjunto com o aquecimento global — apresenta uma das ameaças mais graves à nossa sobrevivência. A autora, Maude Barlow, ativista famosa em todo o mundo, tem estado à frente da política internacional da água e, neste livro oportuno e importante, ela discute a situação da água no mundo.

Três cenários conspiram em direção à calamidade.


Cenário um: O mundo está ficando sem água doce. Não é apenas uma questão de encontrar dinheiro para salvar os dois bilhões de pessoas que moram em regiões do mundo que apresentam estresse hídrico. A humanidade está poluindo, desviando e esgotando as fontes finitas de água da Terra, em um ritmo perigoso que aumenta constantemente. O uso excessivo e o deslocamento da água são o equivalente, em terra, às emissões de gases de efeito estufa e, provavelmente, uma das causas mais importantes da mudança climática.

Cenário dois: A cada dia, mais e mais pessoas estão vivendo sem acesso à água limpa. À medida que a crise ecológica se aprofunda, a crise humana também o faz. O número de crianças mortas devido à água suja supera o de mortes por guerra, malária, AIDS e acidentes de trânsito. A crise global da água se tornou um símbolo muito poderoso da crescente desigualdade no mundo. Enquanto os ricos bebem água de alto nível de qualidade sempre que desejam, milhares de pessoas pobres têm acesso apenas à água contaminada de rios e de poços locais.

Cenário três: Um poderoso cartel corporativo da água surgiu para assumir o controle de todos os aspectos da água a fim de obter lucro em benefício próprio. As corporações fornecem água para beber e recolhem a água residual; colocam enormes quantidades de água em garrafas plásticas e nos vendem a preços exorbitantes; as corporações estão desenvolvendo tecnologias novas e sofisticadas para reciclar nossa água suja e vendê-la de volta para nós; elas extraem e movimentam a água através de enormes dutos, retirando-a de bacias hidrográficas e aqüíferos com o objetivo de vendê-la para grandes cidades e indústrias; as corporações compram, armazenam e vendem água no mercado aberto, como se fosse um novo modelo de tênis de corrida. E o mais importante: as corporações querem que os governos desregulamentem o setor hídrico e permitam que o mercado estabeleça uma política para a água. A cada dia, elas se aproximam mais desse objetivo.


O cenário três aprofunda as crises que agora se revelam nos cenários um e dois.
Imagine um mundo, daqui a vinte anos, em que nenhum progresso substancial tenha sido feito para fornecer serviços básicos de água para o Terceiro Mundo; ou para criar leis de proteção à água de fonte e que obriguem a indústria e a agricultura industrial a pararem de poluir os sistemas hídricos; ou para conter a movimentação maciça de água por dutos, navios-tanques e
outras formas de desvio, o que terá criado enormes faixas novas de deserto.


Isso não é ficção científica. É para lá que o mundo está se dirigindo, a menos que mudemos o curso — uma obrigação moral e ecológica. Mas, primeiro, devemos entender melhor a dimensão da crise.



SOBRE A AUTORA

MAUDE BARLOW é chefe do Council of Canadians, a maior organização canadense de militância pública, e fundadora do Blue Planet Project. Recebeu
o prêmio sueco Right Livelihood Award (o “Nobel Alternativo”) por seu trabalho no movimento pela justiça da água, é autora de 16 livros, incluindo (com Tony Clarke) Ouro azul (publicado no Brasil pela editora M. Books), que foi traduzido para 16 idiomas e publicado em quase 50 países. Barlow é membro do World Future Council e participa do conselho diretor do Food & Water Watch e do International
Forum on Globalization. Ela mora em Ottawa, no Canadá.

Lançamento
Abril / 2009

200 páginas
Formato: 16x23
Preço: R$ 49,00